segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A Casa da Praia



De súbito um céu estrelado, o regresso da escuridão.
Ressoam ao longe lamentos de longos anos
Que batendo com tamanha força nas dunas
Onde pela hora antiga nos amávamos loucamente
Cria um efeito de coro celeste que em tempos ali passados
Me fazem lembrar um amor de verão, perdidamente apaixonados.
Teu corpo de sereia que me enfeitiçava, teus olhos de medusa traiçoeira,
Tua boca que pedia sempre mais…as ondas do teu cabelo, tuas curvas.
Os nossos corpos que sentiam química
E loucamente queriam a resposta às suas preces,
Suavam à medida que tentávamos travar
Os movimentos involuntários do nosso profundo desejo.
Em verdade, éramos apenas duas pessoas que olhávamos o céu
Onde o horizonte cortava a lua em dois pedaços totalmente iguais,
Porém na nossa mente palpitava um desejo mutuo que a própria natureza
Não podia negar.
Corria-nos no sangue uma alma selvagem que há semanas
Fugia à socapa para naquele sítio de amores nos poderemos encontrar.
Vagabundos da noite, deixava-mos traçada a nossa marca na branca areia,
Que também apaixonada pela nossa meninice,
Guardava o segredo dos jovens amantes.
Pode a casa da praia, eternamente testemunhar
Com suas vidraças viradas para o mar
E  já velha de tanta história,
Parte de duas vidas que ali fizeram juras de amor
Que até aos dias de hoje ainda se fazem cumprir.