terça-feira, 4 de setembro de 2012

Amor atribulado



Rasga-me a alma e o que dela resta, limpa o pó qua aqui deixaste
Inunda-me nas ondas desse teu cabelo e marca-me a cara com os cinco dedos que tu tens, se quiseres.
Tenho tudo, mas contigo não tenho nada
Ando de camisa por fora das calças,
de sapatos desapertados,
ando desfraldado.
A minha sombra está magoada, porque nunca a consigo pisar,
mas tu esmagaste-a.
Os teus lábios dizem que me queres bem, mas os teus dentes roem algo que não me queres dizer.
Viro-te as costas quando choras, porque choras por mim.
Vou às compras, mas venho sempre de sacos vazios.
O meu espelho está vazio.
Sou fantasma de tudo, porque tudo me pesa.
Sou vizinho de mim e mim é má companhia.
És serenata quando a vela se apaga.
És paisagem mas só quando o sol se põe.
Nesses teus olhos és tão nua, ficas tão despida
que mostras toda a verdade.
Vejo passar um feixe de luz nos céus que te coroa como sendo uma rainha,
a minha rainha!
Dorme comigo em cama de palha, para não teres dores nas costas.
Faz-me o almoço que eu não sei cozinhar.
O relógio anda atrasado, mas está na hora certa
de te amar.