Rasga-me
a alma e o que dela resta, limpa o pó qua aqui deixaste
Inunda-me
nas ondas desse teu cabelo e marca-me a cara com os cinco dedos que tu tens, se
quiseres.
Tenho
tudo, mas contigo não tenho nada
Ando de
camisa por fora das calças,
de
sapatos desapertados,
ando
desfraldado.
A minha
sombra está magoada, porque nunca a consigo pisar,
mas tu
esmagaste-a.
Os teus
lábios dizem que me queres bem, mas os teus dentes roem algo que não me queres
dizer.
Viro-te
as costas quando choras, porque choras por mim.
Vou às
compras, mas venho sempre de sacos vazios.
O meu
espelho está vazio.
Sou
fantasma de tudo, porque tudo me pesa.
Sou
vizinho de mim e mim é má companhia.
És
serenata quando a vela se apaga.
És
paisagem mas só quando o sol se põe.
Nesses
teus olhos és tão nua, ficas tão despida
que
mostras toda a verdade.
Vejo
passar um feixe de luz nos céus que te coroa como sendo uma rainha,
a minha
rainha!
Dorme
comigo em cama de palha, para não teres dores nas costas.
Faz-me
o almoço que eu não sei cozinhar.
O
relógio anda atrasado, mas está na hora certa
de te
amar.