quinta-feira, 16 de junho de 2011

Marinheiro


Oh Marinheiro,
  que navegas entre a noite e o nevoeiro
  deixando mulher e filhos para trás
  e sem certezas de que irás voltar.

Oh Marinheiro,
  que lutas contra a força da maré
  e contra grandes tempestades
  tu sabes que podes naufragar.

Oh Marinheiro,
  bem sabes que vida há só uma
  e o desejo de voltares aos teus é muito grande
  por isso à que lutar.

Oh Marinheiro,
  avista as nuvens a afugentar
  já é madrugada
  são horas de regressar.

Oh Marinheiro,
  não há melhor do que o nosso lar
  um grande abraço do teu filho
  e uma mulher que te sabe amar.

Oh Marinheiro,
  tens mais uma história a contar
  e a tua familia deliciada
  de certeza que a vai escutar.  

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Amigos para sempre


  Sentado naquele banco de jardim, sempre, sempre à espera de algo, em cada passo que dava, um pedaço de terra congelava, com o seu ar amargo e frio. Nunca em 365 dias por ano tentava aquecer o seu coração, nunca soubera a sensação de amar, nunca uma rapariga lhe trocara um olhar.
  Mas num dia de nevoeiro, olhando a sua paisagem habitual, reparara um cão recém nascido, ao pé de uma toca de uma árvore. Pela primeira vez, praticou um acto de bondade: pegou no cão e levou-o para casa. Acho que ninguém estava à espera disto. Continuando, depois de ter tratado do pobre animal, não teve coragem de o colocar outra vez na rua, mas este acto valeu-lhe para o resto da sua vida. Passadas algumas semanas, a vida de Rui tinha mudado completamente, Rafeiro passou a ser o seu animal de estimação e o seu melhor amigo.
  Era dia 28 de Maio, final do mês e Rui dirigia-se ao super mercado para pagar a conta que tinha em dívida, mas logo à entrada deparou-se com dois homens armados que o obrigaram a entrar, a ele e ao seu animal. Com ameaças de morte obrigaram Rui a arrombar a caixa registadora onde estava guardado o dinheiro. Entretanto, ouviram-se as sirenes dos carros da polícia, uma série de gente via do exterior tudo o que se estava a passar, os assaltantes aflitos só tiveram uma reacção, dispararam sobre Rui. Ouviu-se um terrível latido do Rafeiro, quando o corpo do seu dono caiu sobre aquele chão. Tentou-se tudo, mas nada fez voltar Rui à vida.
 Muita gente assistiu ao seu funeral, mas, em frente ao caixão, lá estava o fiel amigo de Rui com uns olhos muito tristes. Naquela noite, Rafeiro dormiu sobre a campa do seu dono e diz o coveiro que não conseguiu adormecer, só lhe apetecia chorar porque o cão não parava de ganir. No dia da missa de sétimo dia de Rui, algumas pessoas dirigiram-se ao cemitério e depararam-se com o Rafeiro deitado aos pés da campa. Desde que o seu dono morreu, ele nunca o abandonou e agora também ele jaz naquele cemitério. Rafeiro morrera à fome.
 Conta-se em mitos e lendas, que Rui e Rafeiro não se encontraram por acaso mas sim que foi tudo obra do destino. Diz-se também que ambos caminham no Paraíso alegres, felizes, rindo entre brincadeiras de crianças espalhando o bom sabor da verdadeira amizade.